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Nanny Blanco - Capitulo 10






 QUEBRANDO AS REGRAS

— Kaylie, preparada para preparar seu aniversário? — Pergunto assim que a busco na escola. No final de semana seria finalmente o oitavo aniversário de Kaylie e Arthur me deu seu cartão platina para comprar e planejar tudo para o seu aniversário.

Sinceramente, se nos meus aniversários minha mãe trocasse as decorações de Lua – que viraram gozações dos meus colegas – eu me tornaria uma criança bem menos na traumatizada. 

— Eesssssssssssssssssssssssssstou — gritou a pimpolha, rolei os olhos e peguei o primeiro táxi que vi.

Eu já conhecia algumas coisas em Boulder, como o shopping onde havia uma ótima agência de decoração. Eu e Kaylie fomos até lá e a mesma falou mil coisas para a coitada da mulher da recepção, que não tinha nada haver com as decorações, no final ela teve que repetir tudo para a mulher encarregada. Ela nem estava ligando, Kaylie era hiperativa, parecia que era ligada em uma bateria que não acabava.

— Hey, Kaylie — Eu disse, depois que tínhamos contratado a decoração, ao qual saiu 1.500 Dolores — Seu pai só deixou você gastar 4. mil no cartão.
— Veremos, Lua, veremos — Disse ela, me puxando até uma loja de convites.

No final, levamos as fotos da Kaylie para os convites, encomendamos o buffet e as lembrancinhas, compramos a roupa da Kaylie, marcamos a hora no salão de beleza e tudo o mais. Depois fomos para casa e como era quinta-feira, a Kaylie tinha aula de teatro. 


Depois da minha aula de Yoga, resolvi visitar a Mel no hospital. Troquei de roupa e pedi para Joseph me levar, este me deixou no hospital em cinco minutos e logo eu estava adentrando.

Nem chego a entrar no quarto, porque quando entro no corredor, sinto um braço me puxando e me jogando contra uma parede.

Ok, é nesse momento que aparece um médico gostosão que me taca um beijo – como aquela piada da lagartixa e tudo o mais – e era isso que eu estava esperando, até eu me deparar com a versão mais jovem da Monique Evans.

— Sophia, cacete, qual o seu problema? — Pergunto, enquanto arranco meu braço das unhas do Edward Mão de tesouras que ela tem.
— Temos que conversar — Disse animada, batendo as palminhas como a Kaylie costuma fazer, já que Sophia tinha a mesma idade mental que ela.
— Fala, coisa rosa — Digo, massageando o braço onde ela apertou.
— Eu e Chay nos beijamos

Disse ela, pulando e gritando como se tivesse um problema mental. Pensei bem antes de perguntar qual era o problema dela, mas me controlei e fiz uma cara de falsa animação.
— Uhuul, parabéns — Digo, com um sorriso falso no rosto. Sério, era mais que óbvio que isso iria acontecer, não estava nenhum um pouco surpresa.


— Credo, Lua. Eu aqui, superfeliz, te contando isso e você com essa animação de padre em enterro —Disse, parando o chilique e fazendo bico.
— Ok, vocês se beijaram, e daí? Não é como se o aquecimento global, a fome mundial, as guerras tivessem acabado e a banda Joelma tivesse morrido. Se fosse uma dessas noticias, aí sim eu ficaria muito feliz.
— Lua, mas é motivo de felicidade para mim. Eu beijei o Chay Suede, poxa.
— Ok, loura. O que você quer? Parabéns? Parabéns, que Deus te abençoe e que te dê muitas noites quentes com o palhaço de Suede, podemos ir visitar a Mel agora? — Começo a caminhar de volta para o corredor quando ela me arrasta outra vez.

— Você não entende, não é?
— O que?
— Lua, quando você beija um cara e você está apaixonada. Não é como se fosse algo qualquer, quando vocês se beijam é como se apenas essa pessoa e você existissem no mundo, como se tudo pudesse acabar, mas você morreria feliz por estar nos braços dele. É como se lá fora, tudo de ruim, e todos os problemas sumissem, porque naquele momento nada importa, é como se você fosse arrastada para dentro de uma bolha, um universo alternativo onde só existem vocês dois. É como fogo e gelo, aquece e apaga, é como morrer e viver ao mesmo tempo, é como viver em um limbo entre a realidade e a utopia, é como sentir o amar te dominando completamente. É como... É como sonhar. Não tem palavras, é a melhor coisa do planeta.


As suas palavras se incrustam em minha mente e apenas assinto, enquanto me deixo ser guiada até o quarto de Mel. O tempo todo, fico perdida em pensamentos, tentando encontrar um momento em que me senti assim, como a Sophia descreveu. Se eu amava tanto meu ex-namorado, porque nunca me senti assim ao beijá-lo? Mas se eu não o amava, porque doeu?

As suas palavras se incrustam em minha mente e apenas assinto, enquanto me deixo ser guiada até o quarto de Mel. O tempo todo, fico perdida em pensamentos, tentando encontrar um momento em que me senti assim, como a Sophia descreveu. Se eu amava tanto meu ex-namorado, porque nunca me senti assim ao beijá-lo? Mas se eu não o amava, porque doeu?

Mas os amores perdidos são desta forma, caminham em linha reta. Não tem curvas, são uniformes. É tudo tão ridiculamente previsível que acabamos por ser apenas bobocas do destino. É tudo vivido nessa complexidade natural, a gente vê aquela pessoa, a gente nem a nota, então tem o momento. Aquele momento em que tudo parece se tornar completamente fora do astral. E você se apaixona, você nem sabe como, só se apaixona. Tem o primeiro beijo, as conversas ao pé do ouvido, as roupas atiradas ao chão, tem o roçar de pele as cinco da manhã, tem as palavras sussurradas. Tem o “eu te amo” e aí tem o fim. Vem a canseira, vem o tédio. Vem aquele amor que se desgasta tanto que acaba. Tem aquelas estúpidas fotos guardadas em uma caixa, as cartas de amor, as danças sem musica sobre o luar. As citações de Shakespeare, o Caio Fernando de Abreu, a vida amarga. Aí o amor se torna apenas a marca na decepção, nesse ódio que se guarda.


Nesse levantar as três horas da manhã todos os dias, procurando ele ao teu lado, mas encontrado o vazio que ele deixou , o vazio que se estende da cozinha até o banheiro, do banheiro até o quarto. Da cama até seu coração. E a gente pensa, como vai ser preenchido? Como esse vazio vai acabar? Mas que saber? O vazio não acaba. O vazio não é preenchido, ele só aumenta. Porque o amor dói, o amor é feito para doer. É feito para chorar.

Porque o amor não esquece. Amor de verdade sempre fica presente. O amor de verdade gruda feito carrapato. O amor de verdade não abandona, nunca. Ele sempre fica lá, mostrando que a vida é uma droga. Mostrando que amar demais só traz dor demais. Mostrando que ele amou de menos. Mas que o amor não funciona em uma conta de mais. Aí que tudo se desequilibra.
Com o amor não dá pra subtrair, não dá pra dividir. É tudo sobre somar, multiplicar, é sobre aumentar. E o amor só aumenta. A pessoa pode ser um porre, pode ser toda errada, mas quem disse que importa? O amor não tem que ter razão.
O amor é a verdadeira perdição. O amor mata, sabe?
O amor é um assassino de corações. É um bicho estranho.

Então eu noto que nem sei o que é amar. Com Marcos – meu ex-namorado – não houve poesia, não houve paixão, não houve ligar de madrugada, não houve a ansiedade. Houve aquela mesma mesmice, aquela mesma chatice que me dominou por tanto tempo sem que eu ao menos percebesse. E o que houve com amor? Ele nunca existiu, ele se perdeu no peito e se esvaziou, porque nunca foi amor.
Foi o gostar, foi a necessidade de saber que havia alguém sempre para mim, quando na verdade não havia nada. Aquela importância sempre foi uma mentira compartilhada a dois.


E a dor só veio para me mostrar que eu não mereceria ser amada. Não por meus pais, não por meus irmãos, não por Marcos, por Kaylie e certamente não por Arthur. Veio me mostrar que o amor é sinônimo de dor.
E eu não queria sentir mais dor. Não com Arthur, não com ninguém.


XXX

Estava cansada quando cheguei em casa, então como Arthur buscaria Kaylie na aula de teatro, resolvi tomar banho e tirei uma cochilo e acordei para lá das dez horas da noite. Depois escovei os dentes, coloquei um calcinha-shorts, uma t-shirt e desci para cozinha.
Enquanto estava fazendo eu jantar a moda brasileira – já estava cheia daquela comida engordurada e cheia de pimenta dos EUA. E jantei sozinha no tablado da cozinha, terminei de lavar a louça e estava guardando os últimos talheres quando Arthur apareceu, só de cueca boxer.

Estranhamente não pensei nele como meu chefe gostoso, ou como meu parceiro de sexo. Pensei nele apenas como Arthur, e não esbocei reação enquanto ele abria a geladeira e sentava no tablado com um copo de leite e maneava a cabeça para que eu sentasse ao seu lado. Invés disso, sentei sobre o tablado de mármore da cozinha, que estava mais para balcão do que um tablado de verdade, ficando em sua frente.

— Como foi o teu dia? — Perguntou, mordendo uma maça.
— Foi normal, fui visitar a Mel no hospital e descobri que Chay e Sophia estão namorando, acredita? Pensei que eles iriam demorar mais.
— Nem me fale, Chay me ligou e ficou meia-hora tagarelando sobre como Sophia era bonito, perfeita e blablablá. Chegava a dar nos nervos.
— E a Sophia então? Está toda apaixonada, olhares perdidos e suspira a cada cinco minutos. Está mais tapada que o normal — Arthur gargalhou.
— Sabe do que eu tenho sentido falta? — Ele perguntou.


Acenei negativamente e levantou, largando metade da maçã no lixo e o copo sobre a pia. Arthur se aproximou de mim novamente, arrastando as mãos frias sobre minhas pernas, deixando rastros de seu toque por cada parte de minha pele descoberta. Quando eu estava perto dele me sentia claustrofóbica.
— Eu tenho sentido falta de você — A voz rouca sussurrou em meu ouvido enquanto dava uma mordida de leve em meu lóbulo.
— Bem, Arthur — Digo, lhe dando um beijo na bochecha e lhe empurrando, para em segui descer do balcão/tablado e sussurrar em seu ouvido — Eu não vou fazer sexo com você hoje.

Mordisquei sua orelha e caminhei em direção a saída da cozinha. Eu tinha um milhão de motivos para não dormir com Arthur Aguiar aquela noite, um deles era o fato de que tínhamos um acordo e não era um domingo. Mas porque minhas pernas se moveram novamente para a cozinha?

Motivos para não transar com Arthur Aguiar:1. Ele é o seu chefe.
2. Você vem fazendo isso a um mês.
3. Se você furar o acordo. Significará algo.


A parte de meu cérebro sensata perdeu. Foi naquele momento em que percebi que pela primeira vez na vida eu não estava sobre controles de minha ações, eram todas controladas pela aquela atração estranha que eu sentia por ele, uma atração que conectava meu corpo ao dele, como se ele fosse um imã que me arrastasse, me puxasse. Então eu transei com Arthur Aguiar.
Eu quebrei as regras.
E eu não me senti nenhum um pouco mal por isso.


Escritora:Shay



Continua...


Por hoje tá bom! Beijo!





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