Lua olhava Arthur na cama de hospital, ela o visitava todos os dias depois que saía da editora e na maioria das vezes dormia no sofá da quarto, já fazia quase duas semanas que ele estava lá e ela se culpava todos os dias por isso.
- Lua, tenho boas notícias - doutor Rafael anunciava aparentemente feliz ao abrir a porta - Ontem no último exame o cérebro do Arthur estava em perfeito estado e nós suspendemos a medicação hoje.
- E o que isso quer dizer? - sorria e seus olhos lacrimejaram.
- Que em no máximo uma hora ele pode acordar - Lua quase gritou de felicidade ao ouvir a notícia.
- Obrigada doutor, muito obrigada mesmo por tudo o que você fez por ele.
- Não tem que me agradecer por nada, salvar e curar vidas é o meu trabalho. Tenho que ir ver outros pacientes, mas quando ele acordar, peça para um dos enfermeiros me chamarem - quando ele saiu Lua pegou na mão de Arthur que já voltava a ter a cor normal.
- Hey, até que enfim você vai sair dessa. Somente Deus sabe o quanto eu sofri por te ver nessa cama - acariciou o rosto dele e lágrimas desciam por seu rosto, caindo sobre Arthur - Sabe.. quando eu fui embora, eu não fui porque te vi tendo relações com outra, eu fui porque eu estava grávida, tava nervosa pra te contar logo mas acabei vendo aquilo - continuou fazendo carinho - Eu não queria nosso filho vivendo em um campo de guerra, eu queria que ele fosse amado e eu não acreditava que você seria capaz de amá-lo, então eu simplesmente desisti de um dia ter você só pra mim…Mas a partir do momento que eu sofri muito emocionalmente, a gravidez se tornou de risco e eu te culpava por isso, qualquer coisa que acontecesse eu perderia o bebê - sabia que Arthur não estava ouvindo. já que ele não demonstrava qualquer movimento mas precisava desabafar e contar o que havia acontecido mesmo que ele estivesse desacordado - E eu consegui levar a gravidez durante quatro meses, já até sabia o sexo, era um menino. Mas um dia eu estava andando na calçada, tropecei, cai e acabei o perdendo, a médica me disse que se não fosse uma gravidez de risco, ele sobreviveria e por isso eu te odiava tanto. Eu mudei, era fria, quase todas as noites eu saia e estava na cama de um homem diferente e só ligava para o meu trabalho e para o meu próprio nariz mas agora eu aqui. Pronta pra te perdoar e ficar junto com você, assim que acordar.
- Lua… - ouviu a voz fraca de Arthur e a mão dele apertando a sua - Me perdoa por ter contribuído na morte do nosso filho, me perdoa por ser tão idiota... Eu te amo - ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Eu disse que já te perdoei, agora só falta você me perdoar, se não fosse por minha culpa você não estaria nessa cama de hospital.
- Eu te provei o que você queria não provei? - Lua assentiu - Então não se culpe mais, acho que essa era a última coisa que eu precisava sofrer pra ter o seu amor de volta.
- Você nunca perdeu, ele só precisava ser despertado, eu te amo Arthur, amo demais.
- Você não sabe o quanto é bom ouvir isso de você - Lua se aproximou para dar um selinho nele - O que aconteceu pra eu ter vindo parar aqui? Por quantas horas eu dormi?
- Não foram horas Arthur você ficou em coma induzido por duas semanas - Arthur se espantou, duas semanas? Isso era tempo demais - Você sofreu um traumatismo craniano, seu cérebro inchou muito e o doutor Rafael não podia te tirar do coma até ele voltar ao normal,o que aconteceu ontem e hoje ele suspendeu seus medicamentos.
- Meu Deus, eu dormi tanto assim? - perguntou assustado e Lua assentiu rindo - Você vinha me visitar de vez em quando?
- Vinha te ver todos os dias quando eu saia do trabalho e na maioria dormia ali - apontou para o sofá do quarto.
- Eu não mereço uma mulher como você - a voz dos dois estava baixa, principalmente por Arthur mal conseguir se mexer ainda - Me beija?
- É tudo o que eu mais quero mas não posso, você acabou de sair de um coma e acho que seria abuso da minha parte agarrar um doente - riram - Preciso ir chamar o médico, ele disse que quando você acordasse era pra eu pedir pra alguém o chamá-lo. Acho que hoje ainda você sai dessa UTI e vai para a área dos apartamentos.
- Tomara, lá deve ter uma cama mais confortável que essa - Lua gargalhou - Agora vai lá, mas volta rápido.
- Volto sim - deu outro selinho nele só que dessa vez mais demorado, chegou perto do ouvido dele e sussurrou - Eu amo você - encostou seu nariz na bochecha, dando um beijo de esquimó e saiu do quarto.
Continua...
O casal LuAr está de volta. 
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