Tecnologia do Blogger.

Nanny Blanco - Capitulo 4


                               





O meu relógio biológico ainda não havia se ajustado a fuso horário de Boulder e não me surpreendi ao ser acordada por Kaylie, que me balançava na cama a esperança de fazer meus olhos abrir. Quando me dei por vencida – e eu sou muito persistente – finalmente abri os olhos e olhei para Kaylie.

— Que foi, Kay?—Perguntei, bocejando, ela cruzou os bracinhos.

—Tenho aula, Lua — Puta merda, esqueci que agora eu tinha compromissos para com Kaylie.

— Ok, Kay, vai se trocar que estamos atrasadas — Kaylie olhou me fulminando, e daí que era minha culpa?

Expulsei a Kaylie do quarto e pulei no banheiro, escovando os dentes em speed e lavando o rosto, peguei um short qualquer no armário e uma blusa vermelha do The Clash, enfiei o allstar nos pés e corri em direção ao quarto de Kaylie sem pentear os cabelos, teria tempo para isso depois, a pimpolha surpreendentemente estava pronta antes mesmo de mim. Ela estava fofa com o uniforme cafona de escola particular, descemos rapidamente para a cozinha e Margareth havia deixado a mesa pronta para o café, junto ao lanche de Kaylie. Como não tínhamos tempo para comer, peguei outro pacote de cereal de flocos, coloquei leite dentro e peguei um colherão, dando ele para Kay.

— Kay, come no caminho ok? 

Ela assentiu e saímos correndo enquanto eu tentava me lembrar onde era o caminho da escola. A seis quadras. Caminhamos – quase correndo – até a escola dela, que quando chegamos estava quase vazia, exceto por umas pessoas que entravam e saíam do enorme portão de entrada.

— Lua, a gente não pode matar aula? — Cada coisa que ensino a essa criança.

— Lógico que não.

Ela revirou os olhos e cruzou os braço, mas logo tratei de empurrá-la para dentro da escola. Vi Kaylie entrar na sala com a mochila nas costas, a lancheira na mão e a caixa de cereal na outra e soltei uma risada, fazendo meu caminho de volta pela Academia preparatória de Boulder. E justamente quando estava saindo sinto um peso sobre mim. Um peso alto e rosa.

— Deus me desculpe, é meu primeiro dia e eu estava atrasada, não consegui me acostumar como fuso horário dos Estados Unidos e acordei super tarde e tinha que trazer a Anne a escola, aliás, cadê ela? ANNE — A garota falou tão rápido que levei alguns segundos para processar, mas o que me surpreendeu fora que ela falou tudo... Em português — A pestinha entrou na sala.

— Você é brasileira? — Perguntei, olhando para o projeto de barbie.

— Sou, você também? Até que enfim achei alguém da minha terra.

— Sim, sou babá da Kaylie, ela é da mesma turma da sua garotinha
.

— Você é babá, que coincidência. Aliás, sou Sophia Abrahão.

— Lua Blanco —Digo, sorrindo por finalmente ter achado alguém que entendesse essa loucura que é ser babá, mesmo que seja a cover da Polliana e da Xuxa — A quanto tempo você é babá? — Perguntei, enquanto caminhávamos pela saída do prédio.

— Há dois dias, cheguei no sábado e já estou pirando — Disse Sophia.

— Cheguei na sexta, somos principiantes.

— É tão bom achar alguém que entenda, a minha chefe é uma megera — Disse ela, torcendo o nariz em uma careta engraçada.

— Eu queria ter uma chefe megera — Refleti.

— Porque? — Franziu o cenho.

— Porque, entre uma chefe megera que enche a paciência ou um chefe simpático, lindo e gostoso que te tenta vinte e quatro horas por dia. Eu fico com a megera com certeza.

Sophia gargalhou e saímos conversando até chegarmos a minha casa, que descobri que era duas casas antes de onde Sophia vivia. Durante o caminho da escola até lá, descobri bastante sobre ela, desde que ela tinha vinte e quatro anos ao fato de que nossas histórias eram estranhamente similares, desde a demissão – Sophia era colunista em um jornal – a nossa vida amorosa desastrosa. Era legal encontrar alguém diferente do ciclo dos Aguiar, desde que a empregada não ia muito com a minha cara.

Assim que cheguei em casa, me surpreendi ao ver a ferrari de Arthur estacionada e franzi o cenho entrando na mansão. Caminhei até a cozinha, onde um Arthur sem camisa estava sentado sobre a mesa do café. O que aquele cara tinha contra camisetas? Enchi o peito de ar e adentrei a cozinha.

— Bom dia, Arthur — Ela abriu um sorriso. Me fez tremer inteira.

— Bom dia, Lua. Deixou Kaylie na escola? — Assenti, ocultando o fato do atraso e me sentei um pouco distante dele, pegando um pão — Pretende fazer algo durante essa tarde? — Ele vai me chamar para sair... ELE VAI!

— Não, porque? 

— Eu, meus amigos Chay e Micael jogaremos basquete em uma quadra perto daqui, talvez possa ir para fazer companhia para a noiva do Micael — Não, Lua, ele não te chamou para sair. Tenho duas coisas a ponderar:

Que pessoal joga basquete durante uma tarde de segunda-feira? Rico pode tudo mesmo. Segundo, porque eu iria querer assistir basquete? Bem, a imagem de Arthur sem camisa e suado me cruzou a mente. 

— Eu topo.

— Ótimo, eu vou trocar de roupa, pode terminar de comer.

— Ok.


Terminei de devorar duas panquecas e subi escada acima, adentrando meu quarto e procurando algo apresentável. Eu já conhecia o palhaço do Chay, mas sentia uma estranha necessidade de impressionar. 
Optei por uma blusa larga com um ombro caído escrito “Rock”, um shorts sobre a meia calça rasgada, um vans nos pés e uma bandana cinza com um pouco de brilhos. Fiz uma maquiagem básica e coloquei os óculos de sol assim que ouvi Arthur bater a porta. Ele usava uma blusa polo, um calção e um tênis Adidas em seu maior estilo engomadinho. Ele olhou-me de cima abaixo e sorriu.

— Vamos? — Perguntou.

— Com certeza.

A viagem até o tal clube foi rápida, e entramos rapidamente. O lugar era enorme, com piscina, quadra de basquete, tênis, futebol e vôlei. Arthur e eu caminhamos até uma quadra fechada de basquete, onde vi Chay, um cara negro e muito musculoso ao seu lado e uma garota grávida sentada nas arquibancadas.

— Hey, garotos — Eles fizeram um estranho toque de mãos — Essa é Lua, e esse é Micael e Chay — Sorri para eles.

— Eu já conheci, oi moon — Disse Chay, sorrindo. Babaca.

— Oi palhaço. 

— Se conheceram como? — Perguntou Arthur.

— Longa história — Vai que ele descobre que ela matou aula?

— Prazer te conhecer Lua, eu sou Micael e essa é minha noiva Melanie 

— Olá Micael. Olá Melanie — Sorri, para a garota que se aproximou.

— Olá Lua, pode me chamar de Mel.

— Ok, acabando as apresentações, os outros caras já chegaram.

Disse Chay, empurrando a mim e Mel em direção as arquibancadas, sentei-me ao seu lado e ela sorriu, iniciando uma conversa.

— Então, você e o Micael são casados? — Perguntei.

— Somos noivos, mas namoramos desde o colégio, onde conheci ele, Chay e o Arthur. Eram as três pestes da escola, sempre na diretoria — Franzi o cenho.

— O Chay eu não duvido, mas o Arthur parece tão recatado.

— Ah, ele se tornou assim desde que a Kaylie nasceu, para dar um bom exemplo, sabe? Já que a mãe dela fugiu no mesmo dia em que Kaylie nasceu.

— Nossa, eu não imaginava isso, eles eram namorados, o Arthur e a mãe
 dela?

— O que?
 Não, a mãe da Kaylie era uma interesseira, perseguia o Arthur e engravidou de propósito para fazer ele se casar, mas como ele disse que não casaria, ela teve o bebê e fugiu, durante a gestão fumava, bebia, sorte que Kaylie não sofreu nenhuma das consequências disso.

— Nossa, é tão triste ver uma mãe agindo assim com um filho, ainda mais com Kaylie, que é um doce de garota, só um pouco pestinha.

— Kaylie é ótima, mas ela nunca deixa ninguém se entrosar, sabe? Não tem amigos na escola, sempre odiou as babás, Arthur fez um ótimo relatório de você para nós — Corei com a possibilidade disso e ela percebeu.

— Vou te contar um segredo, nunca tive experiências com crianças antes, a Kaylie se dá bem comigo porque temos a mesma idade mental — Ela riu.

— Gostei de você Lua, e o Arthur também.

— Vou te contar um segredo, nunca tive experiências com crianças antes, a Kaylie se dá bem comigo porque temos a mesma idade mental — Ela riu.

— Gostei de você Lua, e o Arthur também.

Ela piscou, e corei abertamente enquanto tratei de me concentrar no jogo dos meninos. Depois de um tempo, fiquei cansada de ver aquele vai e volta e disse para Melanie que iria comprar um suco. Caminhei rapidamente até a lanchonete, uma garota morena e de cabelos curtos me olhou de cima abaixo e soltou um sorriso.

— Então, você é a nova namorada do Arthur? Karol, prazer.

— Sou Lua, mas não. Não sou namorada dele — Ela riu.

— Mas gostaria de ser, vejo o jeito que olha para ele.

— O que? — Franzi o cenho.

— Eu namorei o Arthur por duas semanas a quatro anos atrás,
 somos amigos.
— Amigo de ex-namorado? Isso nunca funciona comigo.

— Bem, é porque eu e Arthur nunca nos gostamos e a filha me odiou.

— Então o Arthur só sai com namoradas que Kaylie aprova? — Ergui a sobrancelha, uma ideia cruzando em minha mente.

— Exatamente.

— Bom saber, obrigado pela informação, Karol.

Voltei até a arquibancada com o suco de laranja na mão e me sentei. Se Kaylie gostasse de mim, era um ponto a favor em relação a Arthur. Sorri instantaneamente e meus olhos se cruzaram aos de Arthur, ele acenou.

Algo bombardeou em meu peito. Era meu coração.




Continua...









0 comentários:

Postar um comentário

Translate

Talk to me

Mundo dos sonhos Copyright © 2013 - Designer by Papo Garota,Programação Emporium Digital